Quando
o inverno caminha
Segue
seu distinto curso como faz a primavera
Os
homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão
Se
ele um dia se levanta e lhes indica o caminho
Com
ele caminharão
Dá-me
a flauta e canta
O
canto é o pasto das mentes
E
o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor.
Na
floresta não existe ignorante ou sábio.
Quando
os ramos se agitama ninguém reverenciam.
O
saber humano é ilusório
como
a serração dos campos que se esvaiquando o sol se levanta no horizonte.
Dá-me
a flauta e canta,
O
canto é o melhor saber
E
o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas.
Na
floresta só existe lembrança dos amorosos.
Os
que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram
os
seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos.
Conquistador
entre nós é aquele que sabe amar.
Dá-me
a flauta e canta
E
esquece a injustiça do opressor.
Pois
o lírio é uma taça para o orvalho
E
não para o sangue.
Na
floresta não há crítico nem censor
Se
as gazelas se perturbam quando avistam o companheiro
a
águia não diz: que estranho.
Sábio
entre nós é aquele que julga estranho apenas o que é estranho.
Ah,
dá-me a flauta e canta
O
canto é a melhor loucura
e
o lamento da flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais.
Na
floresta não existem homens livres ou escravos.
Todas
as glórias são vãs como borbulhas na água.
Quando
a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro não diz:
“Ele
é desprezível e eu sou um grande Senhor.”
Dá-me
a flauta e canta
que
o canto é glória autentica
E
o lamento da flauta sobrevive
Ao
nobre e ao vil.
Na
floresta não existe fortaleza ou fragilidade
Quando
o leão ruge não dizem:“Ele é temível.”
A
vontade humana é apenas
uma
sombra que vagueia no espaço do pensamento
e
o direito dos homens fenece
como
folhas de outono.
Dá-me
a flauta e canta
O
canto é a força do espírito
E
o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis.
Na
floresta não há morte nem apuros.
A
alegria não morre quando se vai a primavera.
O
pavor da morte é uma quimera que se insinua no coração,
pois
quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculos.
Dá-me
a flauta e canta
O
canto é o segredo da vida eterna
E
o lamento da flauta permanecerá.
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