Fiz uma vez uma receita de
viver...
Viver é expandir, iluminar.
Viver é derrubar barreiras entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que,
muitas vezes nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as nossas
grades, ao invés de delas nos libertarmos.
Procuro descobrir nos outros
sua dimensão universal, única. Sou coletivo. Tenho o mundo dentro de mim. Um
profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida; acredito nos homens. Até
nos vigaristas. Procuro desenvolver um sentido de identificação com o resto da
humanidade. Não nado em piscina se tenho o mar. Por respeitar cada ser humano,
em todos os cantos da terra, e por gostar de gente - gostar de gostar - é que
encontro em cada indivíduo o reflexo do universo.
As pessoas chamam de amor ao
amor-próprio. Chamam de amor ao sexo. Chamam de amor a uma porção de coisas que
não são amor. Enquanto a humanidade não definir o amor, enquanto não perceber
que o amor é algo que independe da posse, do egocentrismo, da planificação, do
medo de perder, da necessidade de ser correspondido, o amor não será amor.
A gente só é o que faz aos
outros. Somos conseqüência dessa ação. Não fazer me deixa extenuadão.
Talvez a coisa mais importante
na vida seja não vencer na vida, não se realizar. O homem deve viver se
realizando. O realizado botou ponto final. Não podemos viver, permanentemente,
grandes momentos. Mas podemos cultivar sua expectativa.
Acredito em milagres. Nada
mais miraculoso que a realidade de cada instante. Acredito no sobrenatural. O
sobrenatural seria o natural mal explicado, se o natural tivesse explicação.
Enquanto o homem não marcar um encontro consigo mesmo, verá o mundo com prisma
deformado e construirá um mundo, em que a lua terá prioridade.
Um mundo de mais lua que luar.
Pedro Bloch
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