Junto
do mar, que erguia gravemente
A
trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava
como o vôo do pensamento
Que
busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto
do mar sentei-me tristemente,
Olhando
o céu pesado e nevoento,
E
interroguei, cismando, esse lamento
Que
saía das coisas, vagamente...
Que
inquieto desejo vos tortura,
Seres
elementares, força obscura?
Em
volta de que idéia gravitais?
Mas
na imensa extensão, onde se esconde
O
Inconsciente imortal, só me responde
Um
bramido, um queixume, e nada mais...
Antero
de Quental, in "Sonetos"
Fonte: citador.pt
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