terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Que Há de Mais Belo na Nossa Vida


O que há de mais belo na nossa vida é o sentimento do mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao berço da verdadeira arte e da ciência.

Quem nunca o experimentou nem sabe já admirar-se ou espantar-se. Pode considerar-se como morto, sem luz, totalmente cego! A vivência do mistério — embora com laivos de temor — criou também a religião.

A consciência da existência de tudo quanto para nós é impenetrável, de tudo quanto é manifestação da mais profunda razão e da mais deslumbrante beleza e, que só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade. Nesse sentido, e em mais nenhum, pertenço à classe dos homens profundamente religiosos.

Não posso conceber um Deus que recompense e castigue os objetos da sua criação, ou que tenha vontade própria, de puro arbítrio no gênero da que nós sentimos dentro de nós. Nem tão pouco consigo imaginar um indivíduo que sobreviva à sua morte corporal; as almas fracas que alimentem tais pensamentos fazem-no por medo ou por egoísmo ridículo.

A mim basta-me o mistério da eternidade da vida, a consciência e o pressentimento da admirável elaboração do ser, assim como o humilde esforço para compreender uma partícula, por mais pequena que seja, da razão que se manifesta na natureza.


Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

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