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de grandes muros quem te sonhas.
Depois,
onde é visível o jardim
Através
do portão de grade dada,
Põe
quantas flores são as mais risonhas,
Para
que te conheçam só assim.
Onde
ninguém o vir não ponhas nada.
Faze
canteiros como os que os outros têm,
Onde
os olhares possam entrever
O
teu jardim como lho vais mostrar.
Mas
onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa
as flores que vêm do chão crescer
E
deixa as ervas naturais medrar.
Faze
de ti um duplo ser guardado;
E
que ninguém, que veja e fite, possa
Saber
mais que um jardim de quem tu és
Um
jardim ostensivo e reservado,
Por
trás do qual a flor nativa roça
A
erva tão pobre que nem tu a vês...
Fernando
Pessoa
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