quinta-feira, 30 de julho de 2015

Da alma, e de quanto tiver


Da alma, e de quanto tiver
Quero que me despojeis,
Contanto que me deixeis
Os olhos para vos ver.

Cousa que este corpo não tem
Que já não tenhais rendida;
Depois de tirar-lhe a vida,
Tirai-lhe a morte também.

Se mais tenho que perder,
Mais quero que me leveis,
Contanto que me deixeis
Os olhos para vos ver.


Luís Vaz de Camões

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