VI
Sou
como a corça ferida
Que
vai, sedenta e arquejante,
Gastando
uns restos de vida
Em
busca da água distante.
Bem
sei que já me não ama,
E
sigo, amorosa e aflita,
Essa
voz que não me chama,
Esse
olhar que não me fita.
Bem
reconheço a loucura
Deste
amor abandonado
Que
se abre em flor, e procura
Viver
de um sonho acabado;
E
é como a corça ferida
Que
vai, sedenta e arquejante,
Gastando
uns restos de vida
Em
busca da água distante:
Só,
perdido no deserto,
Segue
em pós do seu carinho:
Vai
só arrastando... e vai certo
Que
morre pelo caminho.
Vicente
de Carvalho
In
Rosa, Rosa de Amor, 1923
Nenhum comentário:
Postar um comentário