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sábado, 29 de novembro de 2014

A Noite não me Deu nenhum Sossego


Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.
Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:
e tu, quanto mais sofro mais te perco.
Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;
digo à noite sem estrelas que és o mel
na sua pele escura: o oiro, o gosto.
    Mas dia a dia alonga-se a jornada
    e cada noite a noite é mais fechada.

William Shakespeare, in "Sonetos"

Tradução de Carlos de Oliveira

Meus Olhos Vêem Melhor se os Vou Fechando


Meus olhos vêem melhor se os vou fechando.
Viram coisas de dia e foi em vão,
mas quando durmo, em sonhos te fitando,
são escura luz que luz na escuridão.
Tu cuja sombra faz a sombra clara,
como em forma de sombras assombravas
ledo o claro dia em luz mais rara,
se em sombra a olhos sem visão brilhavas!
Que benção a meus olhos fora feita
vendo-te à viva luz do dia bem,
se a tua sombra em trevas imperfeita
a olhos sem visão no sono vem!
    Vejo os dias quais noites não te vendo,
    e as noites dias claros sonhos tendo.


William Shakespeare, in "Sonetos (43)"

Ah, que Olhos Pôs Amor na Minha Cara


Ah, que olhos pôs Amor na minha cara
mas sem correspondência a fiel vista?
Ou se a têm, meu juízo onde é que pára
que em tão falsas censuras inda insista?
Se é belo o que meus olhos falso adoram
que quer dizer o mundo em negação?
E se não é, amor mostra se goram
seus olhos, menos fiéis que os homens: não,
como pode? Como pode, se pranto
e espera o afectam, ser fiel no olhar?
De erros da minha vista não me espanto,
o sol não vê até o céu limpar.
    Manhoso amor, com choros pões-me cego,
    mas vendo bem, a tuas faltas chego.


William Shakespeare, in "Sonetos (148)"

Comparar-te a um Dia de Verão?


Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
    Porque o mundo, que vê e que respira,
    te verá respirar na minha lira.

William Shakespeare, in "Sonetos"

Tradução de Carlos de Oliveira

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Fairy Song


Over hill, over dale,
Thorough bush, thorough brier,
Over park, over pale,
Thorough flood, thorough fire!
I do wander everywhere,
Swifter than the moon's sphere;
And I serve the Fairy Queen,
To dew her orbs upon the green;
The cowslips tall her pensioners be;
In their gold coats spots you see;
Those be rubies, fairy favours;
In those freckles live their savours;
I must go seek some dewdrops here,
And hang a pearl in every cowslip's ear.


William Shakespeare