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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Novos Valores para a Sociedade


Se pensarmos na nossa vida e na nossa atuação, em breve notaremos que quase todas as nossas aspirações e ações estão ligadas à existência de outros homens.

Reparamos que, em toda a nossa maneira de ser, somos semelhantes aos animais que vivem em comum.

Comemos os alimentos produzidos por outros homens, usamos vestuário que outros homens fabricaram e habitamos casas que outros construíram.

A maior parte das coisas que sabemos e em que acreditamos foi-nos transmitida por outros homens, por meio duma linguagem que outros criaram.

A nossa faculdade mental seria muito pobre e muito semelhante à dos animais superiores se não existisse a linguagem, de modo que teremos de concordar que, aquilo que nos distingue em primeiro lugar dos animais, o devemos à nossa vida na comunidade humana.

O homem isolado — entregue a si desde o nascimento — manter-se-ia, na sua maneira de pensar e de sentir, primitivo como um animal, dum modo que dificilmente podemos imaginar. O que cada um é e significa, não o é tão-sòmente como ser isolado, mas como membro duma grande comunidade humana, que determina a sua existência material e espiritual desde o nascimento à morte.

Aquilo que um homem leva para a sua comunidade depende, em primeiro lugar, da medida em que o seu sentir, o seu pensar e o seu agir são aplicados à melhoria da existência dos outros homens.

Conforme a atitude de cada um neste campo, assim costumamos designá-lo por bom ou por mau. Pareceria, à primeira vista, que as qualidades sociais de cada homem são as únicas a entrar em linha de conta para a apreciação que dele fazemos.

E, no entanto, tal concepção não seria exata. Facilmente se reconhecerá que todos os bens materiais, espirituais e morais que recebemos da sociedade provêm de isoladas personalidades criadoras, no decurso de inúmeras gerações. Houve um que descobriu o uso do fogo, outro a maneira de cultivar plantas alimentares, outro ainda a máquina a vapor.

Só o indivíduo isolado é capaz de pensar e assim criar novos valores para a sociedade, e até mesmo estabelecer normas morais, segundo as quais se desenrola a vida da comunidade.

Sem personalidades criadoras, pensando e julgando individualmente, não se pode imaginar o progresso da sociedade, como também não se pode imaginar o desenvolvimento da personalidade, sem o terreno favorável da comunidade.
Uma sociedade sã depende portanto igualmente da independência dos indivíduos e da sua íntima ligação social.


Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

Uma Vida Exterior Simples e Modesta Só Pode Fazer Bem




Uma vida exterior simples e modesta só pode fazer bem, tanto ao corpo como ao espírito.

Não creio de modo algum na liberdade do ser humano, no sentido filosófico. Cada um age não só sob pressão exterior como também de acordo com a sua necessidade interior.

O pensamento de Schopenhauer: «O homem pode, na verdade, fazer o que quiser, mas não pode querer o que quer», impressionou-me vivamente desde a juventude e tem sido para mim um consolo constante e uma fonte inesgotável de tolerância.

Esse conhecimento suaviza beneficamente o sentimento de responsabilidade levemente inibitório e faz com que não tomemos demasiado a sério, para nós e para os outros, uma concepção de vida que justifica de modo especial a existência do humor.

Do ponto de vista objetivo, pareceu-me sempre desprovido de senso querer-se indagar sobre o sentido ou a finalidade da própria existência ou da existência da criação.

E, no entanto, cada homem tem certos ideais, que o orientam nos seus esforços e juízos. Neste sentido o bem-estar e a felicidade nunca me pareceram um fim em si (chamo a esta base ética o ideal da vara de porcos).

Os ideais que me iluminavam e me encheram incessantemente de alegre coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade.

Sem o sentimento de harmonia com aqueles que têm as mesmas convicções, sem a indagação daquilo que é objetivo e eternamente inatingível no campo da arte e da investigação científica, a vida ter-me-ia parecido vazia.

Os fins banais do esforço humano: propriedade, êxito exterior e luxo pareceram-me desprezíveis desde jovem.


Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

O Que Há de Mais Belo na Nossa Vida


O que há de mais belo na nossa vida é o sentimento do mistério. É este o sentimento fundamental que se detém junto ao berço da verdadeira arte e da ciência.

Quem nunca o experimentou nem sabe já admirar-se ou espantar-se. Pode considerar-se como morto, sem luz, totalmente cego! A vivência do mistério — embora com laivos de temor — criou também a religião.

A consciência da existência de tudo quanto para nós é impenetrável, de tudo quanto é manifestação da mais profunda razão e da mais deslumbrante beleza e, que só é acessível à nossa razão nas suas formas mais primitivas, essa consciência, esse sentimento, constituem a verdadeira religiosidade. Nesse sentido, e em mais nenhum, pertenço à classe dos homens profundamente religiosos.

Não posso conceber um Deus que recompense e castigue os objetos da sua criação, ou que tenha vontade própria, de puro arbítrio no gênero da que nós sentimos dentro de nós. Nem tão pouco consigo imaginar um indivíduo que sobreviva à sua morte corporal; as almas fracas que alimentem tais pensamentos fazem-no por medo ou por egoísmo ridículo.

A mim basta-me o mistério da eternidade da vida, a consciência e o pressentimento da admirável elaboração do ser, assim como o humilde esforço para compreender uma partícula, por mais pequena que seja, da razão que se manifesta na natureza.


Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

A Deliciosa Solidão dos Anos de Maturidade


 O que é significativo na existência de cada um é algo de que dificilmente temos consciência e não deve seguramente incomodar os outros.

O que sabe um peixe acerca da água na qual nada durante toda a vida?

A amargura e a doçura vêm do exterior, as dificuldades do interior, dos nossos próprios esforços.

Na maior parte das vezes faço as coisas que a minha própria natureza me compele a fazer.

É embaraçador ganhar tanto respeito e amor por isso. Também me foram atiradas setas de ódio, mas nunca me atingiram, porque de algum modo pertencem a outro mundo, com o qual não tenho qualquer tipo de ligação.

Vivo naquela solidão que é penosa na juventude, mas deliciosa nos anos de maturidade.


Albert Einstein, in 'Out Of My Later Years'

O que é uma Pessoa Religiosamente Iluminada


"Em vez de perguntar o que é a religião, prefiro perguntar o que caracteriza as aspirações de uma pessoa que me dá a impressão de ser religiosa: uma pessoa que é religiosamente iluminada parece-me alguém que, utilizando as suas melhores capacidades, se libertou das grilhetas dos seus desejos egoístas e está preocupado com pensamentos, sentimentos e aspirações a que se agarra devido ao seu estreito valor super pessoal.

Parece-me que o que é importante é a força deste conteúdo super pessoal e a profundidade da convicção relativa ao seu significado esmagador, independentemente de se fazer alguma tentativa para reunir este conteúdo com um ser divino, pois de outro modo não seria possível considerar Buda e Spinoza personalidades religiosas.

De igual modo, uma pessoa religiosa é devota no sentido de que não tem quaisquer dúvidas sobre o significado e o carácter desses objectos e fins super pessoais, que não necessitam nem garantem uma fundamentação racional (...)

A ciência só pode ser criada por aqueles que estão profundamente imbuídos de uma aspiração de verdade e compreensão. Todavia, a origem deste sentimento nasce na esfera da religião. A esta esfera pertence também a fé na possibilidade de as regulações válidas para o mundo real serem racionais, isto é, compreensíveis pela razão.

Não sou capaz de imaginar um cientista genuíno sem essa fé profunda."


Albert Einstein, in 'Conferência (1940)'