sábado, 29 de novembro de 2014

Despedida


Toda vez que nos despedimos, tontos de amor,
enquanto me afagas, enquanto te afago,
teus olhos escuros, vidrados,
tem um brilho interior
de lua no fundo de um lago...
Toda vez que nos despedimos
à espera de uma inquietante outra vez,
enquanto recostas tua cabeça em meu peito,
te olho nos olhos, pensando que nunca nos vimos,
e me olhas também, mas parece que não me vês...
Toda vez que nos despedimos
- toda vez -
há um mundo de ternura em teus olhos,
um mundo estranho e profundo,
como os reflexos da luz no vinho que ficou no fundo
de duas taças, após a embriaguez...


J.G. de Araujo Jorge

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