O que eu
perdi não foi um sonho bom,
não foi
o fruto a embebedar meus lábios,
não foi
uma cançõ de raro som,
nem a
graça de alguns momentos sábios.
O que eu
perdi, como quem perde uma outra infância,
foi o
sentido do enternecimento,
foi a
felicidade da ignorância, foi, em verdade,
na minha
carne e no meu pensamento,
a última
rubra flor do fim da mocidade.
E dói -
não esse gesto ausente, a que se apagam
as
flores mais solares, mas uma hora,
- flor
de momento numa breve aurora -
hora
longínqua, esquiva e para sempre morta,
em cuja
escura, inacessível porta
noturnos
olhos cegamente vagam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário